“Partidos com ministérios votam em peso por urgência de projeto que derruba aumento do IOF.”
Mais de 60% dos votos vieram de legendas que integram a base do governo Lula; oposição vê derrota como sinal de desgaste.

O governo Lula sofreu mais uma derrota significativa na Câmara dos Deputados. Mesmo com a base aliada ocupando diversos ministérios, partidos governistas foram responsáveis por 65% dos votos favoráveis ao requerimento de urgência para o projeto que susta o decreto do Executivo que aumentou as tarifas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
A proposta — apresentada pelo deputado federal Sanderson (PL-RS) e relatada pelo também oposicionista Zucco (PL-RS) — recebeu 346 votos a favor, numa sessão com 444 parlamentares presentes. Apenas 97 deputados votaram contra a urgência. O projeto de decreto legislativo (PDL 314/25) agora poderá ser votado diretamente no plenário, sem precisar passar por comissões.
A surpresa foi o número expressivo de votos vindos de partidos aliados ao governo, que, juntos, somaram 225 votos pela urgência. O União Brasil, com três ministérios, deu 55 votos favoráveis; o PSD, também com três pastas, deu 40; Republicanos (uma pasta), 39; MDB (três ministérios), 34; PDT (duas pastas), 14; PP, 39; e PSB, com três ministérios, contribuiu com quatro votos.
Para a oposição, o resultado representa um “freio na sanha arrecadatória” do governo. Segundo o deputado Zucco, “desde o início do governo Lula, já foram criados ou majorados cerca de 25 tributos — uma média absurda de quase um novo imposto por mês”. Ele também afirmou que o Executivo “tenta aumentar a arrecadação a qualquer custo, sem cortar um centavo dos gastos públicos”.
O IOF incide sobre operações como empréstimos, uso do cartão de crédito, câmbio e investimentos. A proposta de aumento do imposto vinha sendo criticada por diversos setores da economia e agora enfrenta um caminho mais difícil dentro do Congresso.