O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara-se para uma nova rodada de negociações com o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, e tem analisado cuidadosamente quais pontos pode ceder e quais pretende manter inegociáveis. Segundo auxiliares, Lula busca uma estratégia equilibrada que permita avanços diplomáticos sem comprometer posições políticas e institucionais do Brasil.
Um dos temas em que o governo brasileiro admite alguma flexibilidade é a regulação das big techs. O Itamaraty e a assessoria da Presidência sugeriram que Lula avalie a possibilidade de engavetar ou adiar o projeto de lei sobre o tema, como gesto de boa vontade com Washington. A justificativa seria que o acórdão recente do STF, referente ao Marco Civil da Internet, já cobre parte das lacunas legais, especialmente no controle de conteúdos antidemocráticos e de incitação ao ódio. Em troca, o Brasil busca redução ou suspensão das tarifas que hoje chegam a 50% sobre produtos nacionais exportados aos EUA.
Outro ponto sensível envolve as terras raras, minerais estratégicos para a indústria tecnológica. Lula estuda negociar uma parceria limitada com a China, mas mantendo o controle majoritário brasileiro sobre a produção. A ideia é usar essa aproximação para atrair investimentos e equilibrar as relações entre Pequim e Washington, sem abrir mão da soberania sobre o setor.
Por outro lado, o presidente tem sido firme ao exigir a retirada das sanções impostas pela Casa Branca a autoridades brasileiras, incluindo o ministro Alexandre de Moraes e outros magistrados do STF, atingidos pela Lei Magnitsky. Para Lula, essas medidas representam interferência indevida nos assuntos internos do Brasil e serão tratadas como ponto central nas conversas com o governo norte-americano.

