A decisão de União Brasil e PP de deixar a base do presidente Lula tem mais peso simbólico e eleitoral do que prático no Congresso. Juntos, os dois partidos reúnem 109 deputados e 14 senadores, mas já atuavam de forma pragmática e pouco coesa, com votações dispersas e apoio condicionado a cada pauta.
Na prática, ambos mantinham índices médios de governismo relativamente altos — acima de 70% em muitos casos — o que revela que nunca foram uma base sólida. A ruptura formal, portanto, sinaliza mais uma estratégia de olho em 2026: buscar a aproximação com o eleitorado bolsonarista por meio da defesa da anistia aos réus do 8 de janeiro.
Nesse ponto, a aposta na anistia tende a representar mais benefício do que risco para PP e União, pois os partidos podem se apresentar como aliados de Bolsonaro e disputar o espaço da oposição. O desafio, no entanto, está na forte presença das bancadas no Nordeste, região central para a governabilidade de Lula e onde o apoio ao governo é majoritário. Assim, será preciso calibrar o discurso oposicionista para não perder conexão com a realidade de seus eleitores nesse território.
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