“Cabo Gilberto tenta inverter narrativa, mas esquece que cresceu politicamente às custas de Walber Virgolino.”
-.Fala Silva.-Nova crise no PL da Paraíba expõe racha entre aliados e revela ingratidão política de Cabo Gilberto com quem lhe abriu as portas.

O deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL) afirmou nesta quinta-feira (15) que irá “defender sua honra” diante dos ataques do deputado estadual Walber Virgolino (PL). Mas o que o bolsonarista evita mencionar é que sua ascensão política se deu justamente ao lado — e em grande parte graças ao nome — de Virgolino, que o lançou como coordenador de sua campanha a prefeito em 2020, mesmo com os resultados desastrosos já naquele momento.
A fala de Cabo Gilberto, que tenta desqualificar Walber por ter ocupado cargo no governo Ricardo Coutinho, ignora o fato de que ele próprio só ganhou projeção política estadual por ter sido abrigado politicamente por Walber. Desde 2020, quando ainda era um desconhecido para a maioria da população, Cabo Gilberto se encostou na candidatura de Virgolino à prefeitura de João Pessoa. Era um aliado de segunda linha, alçado ao posto de coordenador da campanha — uma campanha, diga-se, marcada por erros estratégicos e isolamento político.
A história se repetiu recentemente, com o fracasso da coordenação da pré-campanha de Marcelo Queiroga à Prefeitura de João Pessoa. Mais uma vez, Cabo Gilberto mostrou que habilidade política e capacidade de articulação não são exatamente seus pontos fortes. E quem paga a conta, mais uma vez, é o bolsonarismo paraibano, que se vê cada vez mais fragmentado por disputas de vaidade.
Nos ataques mais recentes, Cabo Gilberto tenta acusar Walber de neutralidade no segundo turno de 2020, insinuando que haveria interesses ocultos. Mas a pergunta que fica é: o que ele mesmo tem a ganhar atacando um aliado histórico, justamente quando começa a se aproximar de figuras como o prefeito de Cabedelo, André Coutinho, que jamais representou o bolsonarismo puro-sangue?
O que se vê, na prática, é um Cabo Gilberto tentando apagar o passado e reescrever sua própria trajetória, negando o papel fundamental que Walber teve em sua projeção política. A ingratidão não é apenas feia — é também perigosa para um projeto de poder que se diz conservador, mas vive às voltas com disputas internas e ambições descontroladas.
No meio do tiroteio verbal, quem mais perde é o eleitor, que assiste ao PL da Paraíba se desmanchar em praça pública, enquanto suas principais lideranças se digladiam pelo espólio de um bolsonarismo que parece ter perdido a bússola no estado.